Descobri que quando digo que quero, que preciso “mudar de ares, de outro chão, de outro campo de visão, de outro cheiro, de outros céus”, descobri que na verdade eu quero é mudar de época… Quero voltar no tempo e no espaço.
Quero viver novamente uma vida já vivida… Só não sei se é para nela reparar os erros que lá cometi ou se é para ter a chance de um recomeço sem erros…
Quero me preparar para uma nova vida sem trazer para ela as arestas da outra vida. Recomeçar literalmente, renascer literalmente, reviver literalmente.
Minha alma está cansada de anulações, de submissões, de aceitações…
Minha alma é rebelde, é afoita, é sonhadora…
Minha alma são cabelos cacheados soltos ao vento e quando a fronte deitada em relva úmida os olhos de minha alma saem de si e vão brilhar entre outras estrelas iluminando a noite…
Os olhos de minha alma não são turvos pela chuva torrencial das lágrimas sentidas…
Os olhos de minha alma são vivazes, acostumados a olhar para cima, acostumados a analisar os voos de pássaros, o formato de nuvens, as cores da aurora. Os olhos de minha alma não se entendem buscando formigas, caçando minhocas, observando a secura das folhas caídas…
Descobri que meu corpo nasceu, mas que minha alma dividida ainda está presa em paredes de pedra, na umidade dos sons dos fados e de relvas ondulantes de paisagens europeias…
Não sou deste tempo… Não sou deste lugar…
(#respeiteosdireitosautorais)