O caminho da escola até a casa de minha avó Lucinda foi feito debaixo de sol quente. Em Corumbá era assim… 8 ou 80.
Cheguei sem muitos sorrisos. Estava magoada.
Sentei-me à mesa e devorei o prato de macarronada com molho de almondegas ( ela sempre fazia , sabia que eu gostava).
Depois quando todos já tinham se levantado da mesa eu ainda continuei ali, espetando uma rodela de tomate no prato com o palito de dentes.
Percebi que ela me olhava “de canto”.
Eu sabia que ela vinha falar comigo, saber o que houve, me dar seus sábios conselhos…
Sentou-se ao meu lado:
__ Quer doce de tarumã?
_ hum rum…..
Ela colocou num copo e trouxe a colher, sentou-se ao meu lado e ficou me olhando comer o doce com um olhar lindo…..
_ Comendo com essa amargura você vai amargar o doce….
Comecei a chorar…
_ Eu fiz o trabalho de irmã Lurdes sozinha… Puz o nome de Fátima , ela não fez nada… Mas eu puz porque ela tava doente.
_ Fez bem! Isso é prova de amizade.
_ É mas hoje professora Sheila marcou trabalho em dupla e pôs eu e ela. E ela foi dizer pra professora que não queria fazer o trabalho comigo.
Vovó se ajeitou no banco….
_ Hum… e por que?
_ Ela falou que eu nunca sei nada. Que eu sou pelego…
Os olhos de vovó se amiudaram…
_ É assim mesmo, Marluci… Você tem que aprender a lidar com essas situações. Faz o trabalho sozinha.
_ Mas vó ela falou que eu não sirvo pra fazer trabalho com ela, como que ela pode?
_ Não importa como ela pode fazer isso com você, o fato é que ela pode. __ levantou-se , deu dois passos e virou para acrescentar essa pérola que até hoje eu carrego em minha lembrança quando sei que alguém fez uma critica negativa a meu respeito:
__ Lembre-se : NA BOCA DE QUEM NÃO PRESTA, QUEM É BOM NÃO VALE NADA!
OBS: obrigada vovó.