
Corumbá destes meus sonhos e foram tantos que perdi as contas…. Foram sonhos de infância, sonhos de adolescência sonhos de juventude… Sonhos bons, carregados de esperança de credibilidade que nem percebi o momento em que foram deixando de ser bons e amargando o que já foi doce…
Incrível como as coisas mudam. Como a vida da gente muda. Muda tanto que a gente se sente perdida no meio de tanta mudança. Sei que pode parecer desrespeito e até desamor, mas não é, viu Corumbá? Não é! É um vazio que incomoda que me subtrai o sentir que eu deveria sentir e dos meus primeiros dias sinto apenas a saudade com sabor da infância…
Não vou negar: ainda sinto o calor, como raio de saudade, dentro do meu coração. Uma saudade que percorre suas ruas em desfiles no dia 21 de setembro na fanfarra do GENIC. Ainda ouço o tarol, o surdo, o fuzileiro, os pratos, os triângulos, as escaletas… ainda me vejo descendo a Frei Mariano e ganhando a Avenida General Rondon…
Sabe Corumbá? Eu tenho na minha memória emocional os teus dias tão risonhos e isso para mim tem para mim tanta alegria que posso te garantir que percebo que até a lua com fulgor, parece não ter vontade de deixar este torrão. Parece, Corumbá! Eu disse, PARECE.
Vou te confessar que eu relutei para te deixar…. Foram anos, Corumbá! Foram ANOS pensando, analisando, ponderando…. Eu tive medo! Medo de não suportar a falta que você me faria…. Hoje não tenho mais esse medo porque a Corumbá que me faz falta é a que brincou de boneca comigo, é a que desfilou com a minha escola nas datas comemorativas, é a que sentou-se ao meu lado nos bancos escolares, é a que brincou carnaval nos salões do Riachuelo e do Corumbaense…
Sabe? Houve um tempo em que eu cantei emocionada, arrepiada mesmo o refrão: Corumbá, eu quero ter / Sob o teu céu tão brilhante / Feliz viver… E como eu gostava de cantar esse refrão…. Você não imagina o quanto…
Hoje peguei suas fotos, você sabe…. É seu aniversário… E sabe o que eu vejo Corumbá? Eu vejo encantos primorosos nas tuas verdes colinas, em tuas águas tão serenas, no teu céu onde o cruzeiro cintilante sempre está: em teus prados tão mimosos marchetados de boninas, em tuas noites tão amenas em teu luar tão fagueiro tens encantos Corumbá! Sim! Tens encantos. O momento captado e eternizado na foto me diz e me prova isso. TENS ENCANTOS! E não são poucos…
Eu poderia citar o maior deles, o que está em quando teus horizontes a frouxa luz do poente se matizam de mil cores…. Ah!!! De saudade fica presa nossa alma juvenil…. Entra ano, sai ano e o seu pôr-do-sol continua sendo o mais lindo que já vi.
És linda sim… E passando suas fotos por entre meus dedos percebo que rendilhada de altos montes, tendo aos pés águas silentes, bela terra dos amores: Corumbá, és a princesa do ocidente do Brasil!
Ah! Corumbá…. Eu já quis ter sob seu teu céu brilhante, feliz viver… Já quis sim e quis muito… E quis tanto… Quis de verdade…
Sabe um filme antigo que te emocionou? Tipo Romeu e Julieta … Em Branco e Preto? …. Pois é… É assim…. Me emociona lembrar do passado…. Tenho saudades do passado…
O passado em que teus filhos eram mimados, cuidados, respeitados… Eram reconhecidos. Eram apresentados ao mundo com orgulho!!! Onde seus filhos não eram “prata-da-casa” eram ouro. Eles cuidavam de você, eles estavam juntos do chefe da família corumbaense e eram ouvidos, eram consultados, eram vez eram voto, tinham voz.
Saudades em que a política era tratada com delicadeza, “receba as flores que lhe dou. E em cada flor um beijo meu”… e nem por isso deixava-se de fazer denúncias ou se aceitava submissamente os desmandes e as maracutaias…
O passado em que eu era Marluci, filha de “seu Betinho” e de professora Hena, neta de Castro Brasil… Hoje eu sou.… quem sou eu mesmo?… Ah sim…. Sou Marluci Brasil… Mas só depois do BUM das redes sociais onde despencaram “amigos” que me tratavam com a indiferença dos desconhecidos quando cruzavam comigo nas ruas e que hoje me tratam (virtualmente) como se fossemos melhores amigos de infância…
Não sou hipócrita! Não sou não viu Corumbá? Eu sei que suas ruas não têm culpa. Eu sei que seu casario, suas praças, suas palmeiras, seu rio, seu pantanal, seus sabores, sua música, sua poesia não tem culpa…, mas de você contextualizada no agora, não tenho saudade não. Tenho saudades de você de outrora…. Do anterior aos versos de Osório de Barros:
“ Corumbá os teus anseios
Vi longe de teus trilhos
Terra mãe dos forasteiros
Madrasta dos próprios filhos”
Eu oro por você viu Corumbá? Pelo seu chão, pelos seus filhos (os agarrados e os desgarrados).
Espero que você progrida “pero sem perder a ternura”…
Parabéns!!
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