Um hóspede invasivo é perturbador. Especialmente quando não fica claro para o hospedeiro qual a sua real função na hospedaria…
A que veio? Quando se instalou? Por que escolheu a hospedaria?
Li em algum lugar que o CÂNCER é criatura, não é criador. O criador é o hospedeiro.
Resolvi fazer uma faxina em minhas emoções (nas boas e nas más).
Mágoas favorecem o “acordar” das células cancerosas presentes em todos os seres vivos…
O que me magoou? Por que me magoou? Quanto me magoou? O que eu esperava que não aconteceu como eu esperava e que por isso eu remoí, revivi, refluxei tantas e tantas e vezes que acordei as células adormecidas?
(Espero que você que está me lendo nesse momento, se faça essa pergunta, antes de “acordar” as suas células adormecidas)
Eu me perguntei muito em minha faxina sentimental, e descobri que as pessoas que mais amei na vida foram as que mais me magoaram…
Percebi que a mágoa é criação minha, porque quando você ama alguém incondicionalmente você automaticamente ACREDITA que aquela pessoa JAMAIS vai lhe virar as costas, humilhar, desprezar, abandonar… E quando ela o faz, a mágoa nos assalta de uma forma tão arrebatadora que cada vez que é lembrada, a dita volta de forma mais dolorida e transborda pelos nossos olhos, entrecorta nossa voz, gela as extremidades de nossos corpos, acelera nosso coração … Independentemente do tempo, reacende nosso sofrimento.
Descobri que quem sente mágoa, não sabe perdoar. Entendi o VALOR DO PERDÃO.
Descobri que EU MESMA ABRI AS PORTAS DE MEU CORAÇÃO PARA A MÁGOA e ela, empoderada, acordou as células cancerosas adormecidas.
A magoa dói no coração. Talvez por isso o meu “hospede” tenha escolhido o lado esquerdo de meus seios para se abrigar em meu peito. E ele chegou quieto… Toda mágoa é quieta… Ela cala a nossa voz com o abacaxi espinhento que coloca em nossa garganta e que a gente não consegue engolir.
Lembro-me de que nos momentos de mágoa, surgiram manchas roxas pelo meu corpo, como se fossem hematomas, como se eu tivesse apanhado, levado uma surra mesmo… Meu corpo doía…
Hoje, eu tento não despertar as outras células adormecidas. Faço a oração do perdão DIARIAMENTE!
Meu amado… Minha amada … Eu peço perdão por esperar que vocês agissem como EU queria que vocês agissem comigo. Nesse meu querer egoísta, eu não respeitei a individualidade, o livre-arbítrio, o direito de vocês agirem conforme as suas consciências. Peço perdão pelos meus erros e perdoo os erros de vocês para comigo. Trago as memórias negativas adormecidas em meus sentimentos e livro-as do sentimento de mágoa e dor. Vocês estão livres de qualquer obrigação para comigo. Sou grata por terem feito parte de minha vida e me ensinado tanto sobre ela… Sinto muito por compartilhar com vocês esses sentimentos de perda, de dor, de derrota, de desamor. Perdão por ter sido egoísta em meus sentimentos, não entendendo os sentimentos de vocês. Eu amo vocês e sempre amarei. Sou e serei eternamente grata por cada momento vivido tendo ao meu lado as suas presenças. Sinto Muito, Me perdoe, Eu te amo, Sou grata!!!!
Hoje olho meu seio tatuado pela cicatriz que o despejo de meu “hospede invasivo” deixo, e percebo que o vazio é um “preenche-dor” de espaços.